sábado, 2 de outubro de 2010

A PALMADA ENSINA ALGUMA COUSA?

As palmadas, as surras, as ameaças, ensinam? Como não? Mas não o que os adultos esperam. Segundo a psicóloga Lidia Aratangy, uma criança, ao apanhar dos pais, aprende: a ser agressiva - pode achar que bater nos outros é uma forma válida de resolver seus problemas; a ser cínica - com o repetir das surras, desenvolve a capacidade de apanhar sem reagir ou de se sentir humilhada; a ser mentirosa - aprende a mentir para fugir do confronto e evitar a dor; a ser covarde - pois o fugir da dor pode-se tornar um dos mais importantes objetivos da sua vida.
O castigo físico provoca na criança reações as mais diversas. A mais comum, semelhante a dos adultos, é um sentimento de ódio contra o agressor. As surras repetidas e o sentimento de impotência marcam profundamente as crianças que esperarão a época oportuna para se vingarem, utilizando, para isso, o aprendizado recebido. Sabemos que 48% das violências praticadas contra as crianças são de origem doméstica, ou seja, ocorrem dentro de sua casa, lugar onde esperariam receber carinho e proteção. Aprendem a viver e conviver com a brutalidade e agredir qualquer tipo de autoridade. Como já lhes disse a criança com menos de seis anos não esquece e poderá reproduzir futuramente o aprendido, tornando-se mais um a engrossar a onda de violência e criminalidade. Pais agressores criam filhos agressores, perpetuando o ciclo da violência.
Em vez de tornar a criança agressiva, os castigos físicos podem torná-la o contrário - submissa, tímida, amedrontada, sem iniciativa , vendo, nos outros, os pais que poderão castigá-la a qualquer momento e aceitando sem discussão as imposições de outras pessoas. Infelizmente essas características, tal como as do temperamento violento podem-se perpetuar na vida adulta.
A agressividade tem seu aspeto positivo. É ela uma forma de energia que permite ao indivíduo lutar pelos seus ideais, combater as injustiças, progredir na vida, enfim, crescer como cidadão. Não podemos permitir que essa energia seja destruída ou canalizada para a violência.
Quando as punições são excessivas as consequências dependerão da carga genética da criança, sendo impossível a previsão do comportamento na idade adulta. Cada criança tem sua própria individualidade. Quando nasce, já traz consigo a capacidade de amar, odiar, agredir, respeitar. A disposição para o amor ou para o ódio é extremamente influenciada pelo meio em que vive, principalmente o familiar. castigo físico O
Um outro ponto importante que poderá parecer divergente do que apresentamos mas não o é, está relacionada com as ameaças de castigo. Se um pai diz ao seu filho para não tomar determinada atitude senão levará uma palmada ou outro tipo de punição, deverá sempre cumprir o prometido. Caso contrário, haverá um grande desgaste de sua autoridade. Repetidas as ameaças e não cumpridas, a criança passará a não acreditar que possa ser punida por qualquer tipo de comportamento errado. Essa situação é extremamente comum e prejudicial para o aprendizado, pela criança, das normas e regulamentos que irão regular a sua conduta, ou seja, a disciplina. Por esse e outros motivos, que devemos retirar dos castigos as palmadas, tapas ou surras pois seria penoso cumprirmos o prometidoA disciplina precisa e deve ser ensinada por intermédio do diálogo, do bom-senso, da justiça , da sabedoria , do equilíbrio , sem necessidade de se apelar para os castigos físicos. Os pais amigos são os melhores disciplinadores.

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