sábado, 2 de outubro de 2010

O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

Não ha nada mais fascinante do que observar e participar do crescimento e desenvolvimento das crianças. É um privilégio acompanhar uma criança desde seu primeiro dia de vida - imatura, totalmente dependente, indefesa, e vê-la, gradativamente, desempenhando atividades cada vez mais complexas e assumindo responsabilidades crescentes. Um dia, estava em uma festa quando um senhor, elegantemente vestido, que me perguntou: "Tio! Você não está me reconhecendo? Eu sou o Valtinho". O Valtinho, aquele menininho que morava no mesmo prédio do que, no Rio, havia se transformado num dos mais competentes embaixadores do país. E o Marcos? O terror do prédio, o mais levado guri que conheci, que deixava a Dionée enlouquecida e que, por seus méritos, se tornou presidente de uma bolsa de valores. E o Pedrinho ? Hoje advogado de uma grande multinacional, E o Miguel? Aquele ratinho, que nasceu nos idos de 50 com 1.300 gramas, o que me obrigou a examiná-lo, em casa, todos os dias, durante um mês, que se tornou campeão de equitação. O "Chorão"? Campeão mundial de vela! O Pedro Bodin, famoso economista brasileiro. O Juan? Um grande geneticista. A Katia e a Gisele, um pouco responsáveis pela minha perda capilar, que tanto trabalho me deram, hoje são lindas senhoras. "Antonio Marcio, hoje estou fazendo quinze anos e não poderia deixar de lembrar-me de você. Obrigado" telefonou-me Gisele, do Rio para Brasília, depois de oito anos sem vê-la. "Dr. Lisbôa, o senhor se lembra de mim? Eu sou a Kátia. Sou aeromoça. Estou telefonando-lhe para agradecer tudo que fez por mim". A Kátia, com alguns dias de vida foi submetida a várias cirurgias, teve uma grave pneumonia, obrigou-me a montar uma UTI em sua casa. Havia se tornado aeromoça. E as "cocadinhas"? Hoje executivas, socialites, cidadãs úteis ao nosso país, mães, e até avós e bisavós. Iniciei como "tio", e hoje já tenho "bisnetos". Sem dúvida que um dos maiores sustos que levei foi ao ser chamado de “vovô”, por um garotinho. Vocês vão me chamar de saudosista. Sim, sou saudosista, e cada vez que vejo o nome de um dos meus "sobrinhos e sobrinhas" nos jornais, eu babo de emoção, e concluo que eu só poderia ter sido pediatra. Costumo transcrever as coisas boas que leio, pois acho que temos a obrigação de divulgá-las. Aqui vai um trecho sobre crescimento e desenvolvimento, do livro do mestre Benjamim Spock: "A princípio você pensa que se trata somente de uma questão de crescimento em tamanho. Depois, quando começa a fazer coisas, você pode pensar que esteja "aprendendo habilidades". Mas, na verdade, trata-se de coisas mais complicadas e significativas. Cada criança, à medida que se desenvolve, reconstitui toda a evolução física da humanidade. O bebê começa na útero como uma única célula, minúscula, exatamente como o primeiro ser vivo que apareceu no oceano. Semanas depois, quando está no líquido amniótico, possui guelras como um peixe. No fim do seu primeiro ano de vida, quando aprende a engatinhar está celebrando o período de há milhões de anos, quando os ancestrais do homem andavam de quatro. A criança, depois dos seis anos, renuncia parte de sua dependência em relação aos pais. Está provavelmente revivendo a fase da evolução humana em que nossos bárbaros ancestrais acharam melhor conviver em grandes comunidades, do que vaguear nas florestas, em grupos familiares independentes. Nessa ocasião tiveram que aprender a controlar, a cooperar mutuamente, segundo regras e leis, ao invés de ficarem na dependência do mais velho da família, para os dirigir em toda parte". Muitas vezes eu, com sessenta anos de prática pediátrica, me questiono: "Como uma célula tão minúscula pode dar origem a tudo isso?". São os milagres da natureza!

Um comentário:

  1. Olá, Antonio Marcio! Me lembrei de você, ao passar pelo blog de uma amiga e ela comentar sobre a Conferência da ReHuNa, que aconteceu aí em Brasília. Aí, fui olhar se o seu blog já estava no ar e... voilà! Meus parabéns. De vez em quando passarei por aqui, para me lembrar da acolhida que tive ao visitá-lo, no meio do ano. Abraços daqui de SP,
    Lívia Lisbôa (filha do Toni, neta da Maria Helena).

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