sábado, 2 de outubro de 2010

E SE OS PLANOS CONTRA A VIOLÊNCIA NÃO DEREM NÃO DEREM CERTO?

Há mais de 150 anos, Adolpho Prins, criminalista belga, ponderava que se assistia a um crescimento considerável da criminalidade entre menores e reafirmava que isso só poderia ser combatido “em idade que se é possível reformar as más inclinações”. O prof. Aschaffenburg, no início do século passado, considerava a educação de crianças desamparadas como um dos meios mais seguros de profilaxia do crime. Em 1914, Franco Vaz dizia “que o princípio da prevenção em delinqüência é o mais sábio e o mais profícuo; que a educação é o processo mais seguro, embora não infalível, para se evitar que as crianças se tornem indivíduos nocivos, profissionais do vício e do delito; sabe-se de tudo isso e os homens que têm a responsabilidade governamental e legislativa são precisamente, ou devem ser, aqueles que menos os desconhecem, por que é que se persiste em descurar desse problema, por que é que se o relega a um plano secundário fazendo sobre ele preponderarem outros que dele deveriam ser caudatários?”.
Quase dois séculos e nada do que eles disseram foi seguido. Pelo contrário, medidas que condenavam estão implantadas, dando os maus resultados que eles previam.
Em 1985 iniciei uma cruzada para provar que eles estavam certos. Que a única maneira de se controlar o aumento de delinqüentes e, conseqüentemente, da violência, seria atuando-se sobre a criança em seus primeiros anos de vida, período mais importante para a estruturação da personalidade, do caráter, dos valores, dos limites, da auto-estima.
Se continuarmos no mesmo caminho, brevemente as autoridades estarão propondo as seguintes “medidas infalíveis” para combater a violência: “Em 2010 contaremos com 1.000.000 de policiais e agentes de segurança privados; contaremos com 500 presídios e 300 centros de ressocialização para crianças; a idade penal ficará em 16 anos; pretendemos prender 300 traficantes e apreender 200 toneladas de drogas. Em 2015, serão 1.500.000 policiais, 700 presídios, 400 centros de ressocialização, a idade penal baixará para 14 anos e esperamos prender 500 traficantes e apreender 400 toneladas de drogas. Em 2020, contaremos com 2.000.000 policiais, 800 presídios, 600 centros de ressocialização, a idade penal será de 12 anos, prenderemos 1.500 traficantes e a apreensão de drogas alcançará a extraordinária cifra de 800 toneladas! Temos a certeza que com a implantação dessas medidas a população se sentirá segura”.
Entretanto, caso essas medidas continuem a não dar certo, poderá se tornar realidade a profecia contida nas letras do samba “ No dia em que o morro descer e não for carnaval”, de autoria do grande compositor Paulo César Pinheiro, do qual transcrevo um trecho:

“No dia em que o morro descer e não for carnaval,
Ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
Na entrada, a rajada de fogos, para quem nunca viu,
Vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil!
( É a guerra civil...)

O dia em que o morro descer e não for carnaval,
Não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral,
E cada ala da escola será uma quadrilha,
A evolução vai ser de guerrilha,
Que a alegoria é um tremendo arsenal.”

TUDO DEPENDE DE NÓS

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