sábado, 2 de outubro de 2010

COMO DISCIPLINAR MEU FILHO SEM USAR A PALMADA

Boa pergunta. Como premissa disciplinar não é castigar. A disciplina é indispensável, pois irá permitir que a criança tenha um comportamento socialmente aceitavel, aprendendo os seu direitos e o dos outros e os limites entre eles. As punições constituem um dos meios utilizados para se conseguir disciplinar. Poderíamos dizer que, infelizmente, são um mal necessário. Se as admoestações, os avisos e as ordens são desobedecidas, muitas vezes impõe-se a punição, preço a ser pago pela criança. Muita gente confunde punição com castigo corporal, que deve ser evitado, por poder interferir no desenvolvimento físico, social e principalmente emocional da criança.
Baumrind, 1973, avaliou o comportamento dos pais em relação aos filhos em quatro aspectos: controle, exigências de maturidade, clareza de comunicação e dedicação. Os pais de filhos maduros e competentes marcaram pontos altos nas quatro dimensões. À combinação do controle dos pais, disciplina indutiva e encorajamento positivo dos esforços autônomos e independentes das crianças, denominou de pais com autoridade Chamou de autoritários os pais que confiavam mais na imposição do poder, usavam uma disciplina coerciva, eram menos amorosos, delicados e afetuosos, altamente controladores e usavam livremente o poder, não encorajando os filhos a discordar de suas proposições. As crianças menos maduras tinham pais permissivos, não-controladores, não-exigentes, afetuosos e despreocupados com a disciplina de seus filhos. As crianças que tinham pais com autoridade desenvolviam um tipo de disciplina indutiva , levando em conta o ponto de vista dos filhos que participavam das decisões e discutiam as regras, influenciando as interações do grupo familiar; essas crianças são mais obedientes e socialmente abertas . Os pais autoritários muitas vezes enfrentam problemas difíceis no relacionamento com seus filhos, pois se negam ao diálogo e impõem sua palavra como lei, exigindo obediência inquestionável no cumprimento de suas ordens. Vocês já viram um pai exigir que uma criança de um ano e meio cale a boca? Ou pare de chorar? Se leva um tabefe de um filho de dois anos, revida para "que ele aprenda a não bater em seu pai". Por sua vez, os pais permissivos cedem sempre, pagando um ônus elevado pela imaturidade e indisciplina de seus filhos. Muitas vezes tentam-se justificar dizendo: "não quero que meu filho tenha raiva de mim quando crescer", ou senão "meu pai zangava muito comigo e eu quero educar meu filho de forma diferente". Estes são os que emprestam carros aos filhos adolescentes, inabilitados, e preferem que eles matem ou morram por serem incapazes de explicar-lhes porque não podem dirigir, e ainda se justificam colocando a culpa nos filhos. Quando a mãe se queixa de que "meu marido deixa toda a parte de disciplina para mim, mesmo quando está em casa". Por outro lado, a mãe "boazinha", espera o marido chegar para que ele assuma o seu papel disciplinador, que, na verdade, é de ambos. Estão errados os pais permissivos pois os psiquiatras e psicólogos estão cansados de saber, e de atender, crianças que não amam os pais que se mantêm à distância e não disciplinam.
Em resumo, os pais autoritários e os permissivos têm dificuldade em manejar seus filhos. Os primeiros poderão tornar seus filhos violentos ou, ao contrário, passivos, ao utilizarem repetidamente ameaças, punições, castigos físicos. Os segundos, por perderem parcial ou totalmente o controle de seus filhos, deixando seus filhos muitas vezes confusos e inseguros, culpando seus pais pelo mau desempenho social. O correto seria educar com autoridade.
Então, não podemos punir nossos filhos? Claro que sim. Se toda explicação, persuasão, diálogo e outras medidas falharem a criança deve ser punida. A punição obedece a alguns princípios: deve ser imediatamente antes ou após o ato que se queira proibir; deve ser branda (as severas podem inibir temperamentos desejáveis, pois podem geram insegurança ou medo); deve ser coerente e explicada à criança com calma, firmeza e principalmente clareza, para que ela compreenda porque está sendo punida; os castigo físicos devem ser abolidos. As proibições e punições são mais eficientes quando o adulto usa a disciplina indutiva, ou seja, explica à criança a lógica e a razão de elas estarem sendo utilizadas, o que torna mais provável a mudança do comportamento que se deseja modificar.
O grande problema potencial das punições é que as crianças aprendem a imitar o comportamento dos pais , utilizando os mesmos procedimentos punitivos para corrigir seus filhos, perpetuando atitudes condenáveis como as surras e espancamentos. Por este meio, transferem-se os maus tratos de uma geração a outra. Os papeis que a criança irá desempenhar na sociedade precisam a ela serem ensinados por quem dela cuide com amor, amizade , lealdade e autoridade.

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